Cavalos Brancos

big_thumb_436a2196ac4107f983ee312f5149c7af

Nos dias que me entristeço

Por minha condição

Sempre penso que não mereço.

A razão esvai e me afogo em emoção.

 

Não só me tirou a motricidade,

Levou embora minha capacidade.

Meu corpo suplica um movimento.

Qualquer um seria um alento.

 

Mal sabem que em mim há liberdade:

Os cavalos brancos me levam ao relento.

Onde existe a minha verdade

Que estou livre em pensamento.

Carta Intimista

Essa postagem é para você. Sim, pra você mesmo. Talvez faça algum tempo que tu não receba uma carta pessoal que não seja alguém pedindo alguma coisa ou uma má notícia. Bom, sinto desapontá-lo mas pode ser que esta seja boa ou ruim: Quem escolherá isso é você.

Nos conhecemos há um bom tempo né? E por mais que as coisas em nossa relação tivessem seus altos e baixos, uma coisa sempre acontece queiramos ou não: Mudamos. Parece que tudo sempre será como foi ontem ou há vinte anos atrás, mas não, nunca mais. Já disse um poeta “tudo muda o tempo todo no mundo”, e como tal nossa relação mudou bem como meus anseios, minhas crenças, convicções e até a maneira como penso que a vida deveria ser vivida.

Infelizmente não adianta pensar que tudo que ríamos no passado poderemos rir no presente e quiçá então, no futuro. Temos nossos pontos em comum, claro, e não seriam importantes se não fossem exatamente o elo que mantém viva nossa convivência – jamais pense que eu não levo isso em consideração. É hora seguir em frente, criatura, e pensar como essa nova fase admite inúmeras e improváveis possibilidades positivas para ambos.

É isso que faz das escolhas a melhor parte da vida. Agora me dê cá um abraço.

Zum-zum em Mi maior

musical-note

Juntos eles passeiam seguindo o calmo luar.

Indo e vindo,  tilintando suas canções

No quente verão à luz das estações

Por entre os que não os querem naquele lugar.

 

Do sol e do dia escondem-se em porões

À noite retornam contentes a orquestrar

Músicas torpes e dissonantes a infernizar

Sua plateia incidental de todas direções

 

Tais músicos nos deixam aflitos

Sua ópera torpe atormenta até bichos

Que se debatem diante de melodiosos cochichos

Da orquestra incessante dos mosquitos.

Mémoire – Conto interativo – Parte 4

Parte 1:  http://migre.me/hK6gi

Parte 2:  http://migre.me/hQpbz

Parte 3: http://migre.me/i1L1x

MÉMOIRE – Conto interativo – Parte 4 (Final)

vlcsnap-2013-10-22-19h13m05s93

Richard cautelosamente abre a porta e espia por uma fresta a imagem do horror: debruçado sobre uma das várias mesas de necrópsia, cada uma delas ocupada por pelo menos um cadáver, está seu amigo Thomas dissecando uma mescla aterradora de carne, sangue e tripas. Suando frio, Richard decide pegar um abridor de cartas que estava no depósito e investir contra o amigo.

O chute de Richard na porta teria provocado um enorme susto em quem fazia uma autópsia com tamanha concentração, mas Thomas nem se mexeu. Tampouco olhou para a porta.

– Até que enfim está de pé, meu amigo….Pena que, com a sua alma ainda.  Achei que tinha errado as doses em seu café – disse Thomas calmamente, com a voz abafada pela máscara cirúrgica – Como foi a sua primeira passagem?

– O que diabos você está falando?! O que você está fazendo com esse monte de corpos, homem?! – gritou Richard, enfurecido.

– Bom… Primeiro nós tentávamos realizar o ritual nas ruas de Whitechapel, mas após nossa quinta vítima percebemos que era mais fácil  trazer todas para esse… lugar. – respondeu Thomas, que continuava dissecando aquela criatura disforme. E continuou após um esguicho de pus atingir seu avental – Até então só falhávamos com as mulheres: Elas não voltavam à vida. Mas oportunidades não faltariam pois ninguém daria falta das prostitutas, então preferi começar com elas meus experim…

Richard interrompeu o lunático erguendo a faca e correndo em sua direção. Ambos lutaram até que a camisa de Richard foi rasgada na região da barriga, revelando que existiam vários pontos, formando um “Y” em seu corpo, como se tivesse passado por uma autópsia. Paralisado pelo horror, pouco reagiu quando Thomas agarrou os pontos e os puxou violentamente,  fazendo com que todos os órgãos abdominais se esparramassem pelo chão.

Richard, agonizando, conseguiu ainda ouvir seu algoz proferir as palavras que o assombrariam no pós vida:

– Prepare-se para essa sua segunda passagem, meu amigo. Pois dessa vez, não será sua alma a habitar seu corpo. Mas a de meu comparsa falecido: Jack.

 

_____________________________________________

Um pouco pela pouca visitação ao blog, bem como a minha atual falta de tempo, fizeram desse mini projeto algo que não vou conseguir replicar mais uma vez, mas obrigado aos 68 que votaram pelo WordPress, Skype, face e twitter. =D

 

 

 

Mémoire – Conto interativo – Parte 3

Parte 1:  http://migre.me/hK6gi

Parte 2:  http://migre.me/hQpbz

Capítulo 3

Image converted using ifftoany

“Richard força o trinco e abre a porta, compreendendo que tratava-se de um depósito de vinhos, móveis e inúmeras outras tralhas. A ausência de janelas manteve o cheiro de mofo, pó e podre estagnados na sala, e tais odores encontraram a liberdade assim que a porta fora aberta, com os insetos rapidamente agitando-se no ar, procurando abrigo da luz que o homem trazia consigo.

Entrou com um lenço ao rosto e conseguiu identificar sobre uma mesa imunda algumas cartas recentes e livros antigos, todos relatando rituais macabros envolvendo a criação de Imbuídos, que seriam cadáveres inteiriços ou até mesmo montados pedaço a pedaço possuídos por uma alma maligna, que permeia os planos obscuros do inferno. Parecia maluco ler aquilo tudo, mas percebeu entre os papéis recentes uma carta com sua própria assinatura, que ratificava a entrega de produtos químicos para a empresa de seu amigo, aquele mesmo que estava brindando no bar em sua última memória. Richard era dono de uma indústria de processamento, que vendia para diversos laboratórios e boticários. Será que seu velho amigo o teria drogado enquanto brindavam e prendido-o ali? Não era possível, pois seu amigo era um comprador frequente e revendia a mercadoria por todos os cantos do mundo. Talvez esta remessa tenha sido desviada. Richard jamais acreditaria que o grande médico Thomas Bridge estivesse envolvido em uma atividade tão grotesca.

Novamente ouviu barulho vindo da porta que trancara: talvez o homem insano que o atacara estivesse tentando quebrar a porta. Richard saiu do depósito e rumou para o corredor. Escutou à porta que não havia investigado e ouviu alguns murmúrios, como se alguém reclamasse de algo.”

O que Richard deve fazer agora?

1 – Chutar a porta e entrar atacando o que estiver em sua frente.

2- Cautelosamente tentar abrir a porta e espiar por uma fresta.

3-Chamar alguém através da porta?

’87

hotline_miami_liveaction_800_large_verge_medium_landscape

Ele não era musculoso, principalmente pra um cidadão de Miami, onde temos uma cultura ao corpo fortemente imposto pelo clima de praia.  No entanto, munido de um taco de beisebol, um pé-de-cabra ou cano de ferro, fazia um estrago imenso. Era rápido e certeiro. Para não ser reconhecido, utilizava uma máscara de algum animal. Dependia do impacto que gostaria de causar.

Pelo telefone, ele recebia os serviços: “Preciso que você resolva um problema na lavanderia tal”, “Tenho que me livrar de dois ratos lá na companhia telefônica”, e por aí vai.

Depois de tanto sangue e horror, apaixonou-se por uma mulher. Enlouqueceu quando um dos telefonemas pediu para que exterminasse uma praga. Só viu que era seu amor quando ela jazia no chão, contorcendo-se. Foi nesse momento que outro rapaz, vestindo uma máscara de porco, chutou a porta ao seu lado, quebrando o fliperama encostado na parede. Ouviu três disparos pesados, seguidos do fogo infernal lançado pela escopeta.

Agonizando, entendeu então, que matava assassinos, e sua vez havia chegado.

Pequeno Mundo Louco

Caminho pelas ruas de Porto Alegre, e as tintas começam a cair das árvores, perto dos coitados taxistas que discursam sobre elas. Doenças voam disfarçadas aos montes evitando meus passos, e o sol forte destrói a minha noite típica da Andradas, recheadas por pessoas de classe alta fumando cachimbos de pó canino. Suas vozes saem de seus narizes de maneira que me irrita profundamente.

Procuro alguma pista de um perigoso assassino, que ronda o Centro durante as madrugadas. Fez apenas uma vítima, pois ela chegou a comentar que ele disse ser a primeira vez que matava alguém. Estranho. Não é um perfil comum.

Andei perguntando o paradeiro de um senhor amarelo feito sol, de hálito salgado e olhos cor-de-vidro, mas poucos resultados me levaram a evidências concretas.  Foi então que encontrei um meliante, de sobrancelhas unidas, com olhos arregalados e gago. Seu chefe era um pedaço de papel, onde ele escrevia o que deveria ser feito em sua vida de crimes e pecados. Pressionei os dois até que me saiu uma palavra interessante: “Equinoderme”. De cara entendi o que aquilo significava. Er amuito óbvio que o assassino estava bem diante do meu nariz, zombando de mim e dizendo que eu iria conhecer meus netos antes deles nascerem.

Enchi um balão e fui até o primeiro local que me veio à cabeça: o aquário soteropolitano. Lá estava o assassino, um bagre de nome Jorge. Me atacou antes que pudesse reagir, e em um golpe de sorte, o afoguei. Acabei abrindo uma lojinha de peixes, e revolucionei o mercado.

_____________________

Insanidade [LIGADA]